29/08/11
12/08/11
Sentirão toda a força da lei
A ideia "a pena serve como elemento dissuasor" é demasiado “old school”, digamos que a ideologia “olho por olho dente por dente” foi fundada e materializada em lei bem antes de Cristo nascer e desde então a humanidade conheceu uma violência sem par e cada vez mais sangrenta.
No séc XVIII um conjunto de estudiosos, homens de direito, liderados por Cesare Beccaria fundaram a chamada escola clássica de direito penal, inovadora e base de muito do direito penal dos nossos dias, cujo pilar mestre é a chamada utilidade da pena e apontou o cariz dissuasor da mesma como condição sine qua non da sua eficácia. Podemos de facto apontar o séc XVIII como a época em que sociologia enquanto ciência nasce, fruto de mudanças radicais e abruptas que ocorrem com a industrialização. Anyway, estas transformações evolutivas acabam por ramificar-se a todas as disciplinas científicas incluindo a criminologia. Se, depois do séc XVIII tivemos as guerras mais sangrentas conhecidas pelo Homem, assistimos a fenómenos como o ódio racial, fome, pobreza extrema e ao crescente número das populações prisionais, questiono-me “será que vale a pena perder tempo a estudar as ciências supra referidas já que todos os avanços das mesmas tem sido paulatinamente ignorados?”. A ciência empírica diz-nos a verdade, ou seja, a retribuição penal sobre o crime praticado é um bom princípio, mas básico, deveria aliás ser encarado como um dos princípios do combate aos males da sociedade e não como o elemento chave.
Os problemas são de fundo, estruturais, são mais do que a exaustivamente referida “desigualdade entre classes”, são as causas desta, a desigualdade de oportunidades, desigualdade de meios legítimos para cumprir o que a sociedade nos força a ter e nos moldes que dita, ou seja, sucesso económico e social (teoria da anomia de Merton e que deveria dar o mote para uma análise de fundo real sobre a vida em sociedade).
Os políticos preferem o discurso básico da punição e a população vai na cantiga, aliás o título é uma citação do primeiro ministro britânico David Cameron, que acrescenta “se tem idade para cometer estes crimes, tem idade para sofrer estes castigos”, a sério, the fuck?! A prioridade é a repressão, dá mais votos e o tempo que resta é dirigido às preocupações económicas. O que deveria ser verdadeiro motivo de preocupação é ignorado e enquanto assim for é inevitável, assistiremos a mais episódios tristes como os actuais em Londres. O discurso instintivo e primário de defesa já começou “são bestas” e o pior é que o povo gosta a ver pelo discurso de ódio de grande parte dos cronistas nos jornais de maior referência, tal como a maioria dos comentários de resposta aos artigos que visualizei online.
(Estamos numa era em que se aplaude e respeitam elites alicerçadas em fortunas com mais euros do que os litros de água nos oceanos e em que se criminalizam consumidores de erva.)
À coisa de meia ano atrás o professor Almeida Costa docente de Direito Penal na Faculdade de Direito do Porto foi ouvido, bem como as suas sugestões, na comissão parlamentar criada para discutir e alterar a forma como a corrupção é combatida em Portugal. Quem conhece o professor sabe que a argumentação foi forte e sustentava a ideia de deixar a execução de penas para segundo plano sendo o plano principal de ataque aos rendimentos obtidos através de meios ilícitos, retira-los independentemente terem sido transferidos para nomes de terceiros. Na prática: se no decurso de um processo judicial no âmbito de um processo de corrupção, caso, ao seguir o rasto do dinheiro o mesmo não tenha origem clara e legítima bye bye money “atacar onde dói mais” (palavras do professor). Resultado: aprovadas à poucos dias as alterações legais para combater o crime de corrupção em Portugal e o foco está no aumento da medida das penas, lamentável.
Está mais do que comprovado, mais importante do que aplicar molduras penais elevadas é a certeza da pena que dissuade, mas continuem a ignorar o discurso científico, no problemo. Aliás continuem a agir como se a sociologia criminal ainda estivesse agarrada à justa retribuição das penas da escola clássica e não tivesse evoluído para perspectivas estruturais, compreensivas, fenomenológicas e abrangentes. Estamos no bom caminho não há dúvidas.
Este olhar sobre o fenómeno criminal, refiro-me nomeadamente à esmagadora maioria das análises sobre os motins em Londres é básica, populista e um insulto aos homens da ciência.
18/07/11
12/06/11
10/06/11
Para quem não sabe esta imagem aparece no genérico da saudosa série Macgyver e claro, não é apenas imagem, é um vídeo. É toda uma sucessão de movimentos que, apenas quem não conhece o autor da façanha pode considerar como inconsequentes e sem sentido.
O facto de Richard Dean Anderson se atirar a correr em direcção a este helicóptero e, aproveitando o terreno mais elevado proporcionado por uns caixotes aleatoriamente empilhados por aquela zona se ter lançado a um dos patins de aterragem como se a vida da mais bela das donzelas estivesse, naquele momento, em perigo e por lá ter ficado pendurado, pode parecer, sendo meiguinho, um pouco irracional!
No entanto é do mais engenhoso dos heróis de ficção alguma vez criados que estamos a falar e reparem, Macgyver, leva com ele uma corda que posteriormente irá amarrar ao patim do helicóptero que como é óbvio irá ter uma nada suave aterragem.
E é aqui a que quero chegar, parecer um pouco irracional e usar o coração para agir pode aparentar, na visão de olhos mais desatentos, um sinal de fraqueza, no entanto desenganem-se. Macgyver apesar das adversidades mantém sempre a moral em alta e pode pensar a curto prazo mas tem sempre um plano na manga que por norma, dá certo.
E eu, quero acreditar nesta imagem...
06/06/11
Declaração de vitória
Estimativa: PSD 39% - Resultado 38,63%
PS 35% - 28,05%
CDS 12,5 % - 11,74%
CDU 7% - 7,94%
BE 6,5 % - 5,19%
Margem de erro = 2%
Posto isto, acertei nas posições de todos os partidos (algo único), fiz a minha previsão 10 dias antes da noite eleitoral (fantástico), todos os partidos, excepto o PS, ficaram dentro da margem de erro :)
Os meus ilustres contendores (Gersão e Alex) perderam e, portanto, espero que assumam responsabilidades e me paguem o copo devido (pode ser a meias, eu bebo pouco :p).
PS: É incrível saber que há empresas a ganhar milhões de euros com as sondagens e que mesmo com meios científicos e estudos elaborados até 2 dias antes das eleições, ficaram muito mais longe do que eu...
26/05/11
25/05/11
Eleições dia 5 de Junho
PSD: 39%
PS: 35%
CDS: 12.5
PCP: 7%
BE: 6.5%
Nota: Há uma margem de erro de 2%.
Após um extenso estudo e várias pessoas oscultadas, foram milhares de chamadas telefónicas efectuadas, este é o resultado que eu perspectivo.
Por isso, que tal lançarmos aqui um pequeno concurso de prognósticos das eleições em que o vencer ganha um copo à pala? Fica aqui o repto agora é só mandarem as vossas postas, habilitem-se!
18/05/11
08/05/11
06/05/11
merkel processada
mas, e há sempre um mas:
sei que dizia mais uma série de coisas, mas não me recordo nem tenho paciência para voltar a pensar e escrever sobre o assunto. é simplesmente diferente. nunca apoiaria um polícia que assassinasse alguém quando o podia ter prendido, ou um exército que matasse os prisioneiros só para não os carregar (diferente foi a batalha de aljubarrota, em que tivemos que despachar os prisioneiros aquando da 2ª vaga de espanhóis já que não podíamos dispensar homens a vigiá-los e eles poderiam-se voltar contra nós pelas costas).
04/05/11
03/05/11
ofende-me
seja de um terrorista, de um fascista ou de um pedófilo. ninguém tem o direito de gritar "matámo-lo!!" como quem berra "embrulha!" ao marcar um ponto num jogo de ténis.
sobretudo se a morte é efectuada por autoridades, policiais ou militares, cuja função era acima de tudo trazê-lo à justiça.
a ideia de justiça daquelas pessoas é o olho por olho, dente por dente. parece-me bem ilustrado o "estado de direito" que alguns países praticam.
e atenção que este post é sem sentimento anti-americano. nem peguei nos pormenores do corpo atirado ao mar, etc, que me faz lembrar logo o william wallace. foi esquartejado para evitar ser feito mártir com peregrinações ao local de enterro, com a diferença de ter sido por volta do século XII...
28/04/11
26/04/11
Zimbabué alerta homens para grupos de mulheres violadoras
25 de Abril
23/04/11
clap clap clap clap clap clap
gosto da atitude
21/04/11
20/04/11
18/04/11
17/04/11
12/04/11
Noblesse oblige
- No caso de Fernando Nobre, eu só vejo perdas (tirando as vantagens do tacho), isto porque muita da sua aura e prestígio desapareceram, além disso, perdeu a palavra que é o bem mais precioso de um político, principalmente para um que se diz fora do sistema. Ao nível de eleitores pouco vai acrescentar aos votantes do PSD, a maioria dos apoiantes de Nobre era de esquerda ou abstencionistas descontentes com o sistema partidário, ora este grupo de pessoas dificilmente votará PSD nas legislativas. Creio, também, que as suas aspirações a Belém, no pós Cavaco Silva são agora uma miragem, pois abandonou a sua base eleitoral trocando-a por uma que desconfia dele e tem ressentimentos por este ter criticado duramente o actual Presidente da República.
- Para o PSD e Passos Coelho foi um passo arriscado, Nobre representa o que o líder falava ao pedir uma abertura do partido a todos os sectores da sociedade, além do mais, Nobre apesar de tudo, ainda é uma figura com prestígio e um nome sonante. Contudo, Passos Coelho hostilizou dirigentes do partido e falta contabilizar os votos que Nobre trará ao partido laranja, pois é isso, no fim de contas, que interessa. Pessoalmente, parece-me que o preço pago pelo apoio de Nobre ao PSD foi caro para os benefícios que trará, mas só os resultados das eleições nos darão uma explicação cabal.
- Para o PS, por muitas críticas que a decisão de Nobre tenha levantado, o resultado é mau, mas pode trazer vantagens durante a campanha, isto porque Nobre é uma figura conotada com a esquerda e que teve 600 000 votos nas últimas eleições, mas preferiu a direita ao Sócrates. O problema é que Nobre em campanha tem falhas graves e uma delas pode enterrar o PSD e catapultar o PS nas urnas, mais uma vez só o tempo nos dirá o que vai acontecer.
Posto isto, creio que Nobre arriscou, mas também não o posso censurar por querer entrar no jogo político, pois quer queiramos quer não são os partidos que exercem o poder e é preciso estar dentro do sistema para se ter alguma influência real. Parece-me censurável é a forma como foi conduzido este processo e o facto de Nobre ter voltado com a palavra atrás, além do mais, não creio que o cargo de presidente da Assembleia da República seja o melhor para a pessoa em causa, penso que um convite para ministro da saúde ou algo do género seria mais adequado às suas competências.
11/04/11
Polícia usa gás pimenta contra criança de 8 anos
08/04/11
06/04/11
lá está...
Grupo Coral Feminino Terras de Catarina from Tiago Pereira on Vimeo.
04/04/11
02/04/11
leitura em suspenso
Eu sei que parece mau, quiçá até patológico, mas após pensar um pouco o meu retorcido cérebro encontra lógica nestes factos, ora sigam-me. Nem há um ano li de uma assentada “A insustentável leveza do ser” e “Cem anos de solidão”, acontece que depois destes livros, muitos dos que se seguiram pareceram “não aquilo” e por consequência uns foram sendo acabados a custo e outros ficaram pelo caminho.
O meu cérebro achou curioso o facto de, agora, não me satisfazer em termos literários o comum, o trivial, o que não tem o mesmo peso nem substância, ou seja, o que não me prende nem me encanta da mesma forma que outros livros fizeram. O meu cérebro ao achar este facto curioso sentiu-se também legitimado a fazer uma analogia com a vida!
Sabem quando estamos insatisfeitos mas não sabemos bem porquê, seja no trabalho, seja com a família, seja com os amigos, seja no amor? Temo que a resposta seja óbvia, só provamos esse sentimento porque já conhecemos, em situações semelhantes, melhor. Em algum momento da nossa vida já pensamos, “é isto, é isto que quero para mim, é assim que gosto de ser tratado, é assim que gosto de me sentir” e tudo o que não corresponda à expectativa criada é menosprezado consciente ou inconscientemente. E isto fez-me pensar sobre o porquê de eu não me dar a relacionamentos duradoiros e à luz desta constatação a resposta pareceu-me óbvia. A verdade é que já senti verdadeira afeição, chamemos-lhe amor e o meu espírito parece não sossegar com nada menos do que isto e nada avança nem se prolonga, tal como as palavras nos livros que não acabo de ler e que permanecem ancoradas, impedidas de percorrer os turvos rios do meu pensamento.
Espero um dia acabar os livros cuja leitura ficou por completar, alguns desses para breve, entretanto continuarei a ler o que interrompi na página 133 para escrever esta reflexão. A plenitude da obra, a extenuante e árdua recolha de documentos fidedignos, o cuidado com que foi escrito, a curiosidade que me desperta a personagem, não só pelo seu carácter mas também pela relevância histórica e legado, entusiasma e folheio-o o mais avidamente que consigo. A vida e obra de Winston Churchill fizeram-me retomar o sequioso gosto pela leitura, já o facto de ter recuperado o gosto pelo amor não foi devido a nenhum inglês badocha de certeza…
29/03/11
um altar que mete respeito...
25/03/11
21/03/11
20/03/11
escolhas...
A comunidade internacional acordou, talvez com uns dias de atraso, para tentar colocar um ponto final na situação.
Se a memória não me falha o governo Português à uns tempos, achou legítima a invasão do Iraque e até mandou soldados para ajudar a controlar a situação. Agora, após uma decisão sabiamente ponderada, optou-se por não participar nas acções militares em solo Líbio.
Fica uma pergunta no ar, quem é que toma a merda destas decisões?
16/03/11
15/03/11
José Carlos Rates
13/03/11
12/03/11
11/03/11
10/03/11
Carnaval - Travecas e uma questão filosofal
09/03/11
masterpieces
descobri este blog há pouco tempo e agora não descolo. os éuá, como dizia uma personagem que todos conhecemos, no seu melhor.
sshhhh...
07/03/11
Alerta
Diria que a maioria dos incontáveis seguidores assíduos deste blog ao lerem a frase entre aspas aí em cima e após a descodificarem no seu precioso córtex cerebral, terão de imediato uma percepção negativa da mesma. Devo dizer que num primeiro impacto, assim a analiso, no entanto, após exigir um esforço extra à massa cinzenta arrisco-me a dizer que as inconstâncias ao longo da vida não são sempre más, são também positivas e bastante enriquecedoras e acima de tudo formam carácter.
Desde cedo lutamos com os pais porque a sua asa protectora é muito extensa, controladora, embora necessária e quando conseguimos alguma dessa almejada liberdade o que fazemos?! Yap, procuramos novos pais, nomeadamente o Estado. Horror, novamente o mesmo dilema, não o queremos na nossa vida em demasia, queremos respirar, mas secretamente queremos e desejamos o seu paternalismo, a sua segurança e aqui refiro-me obviamente ao famigerado emprego para a vida.
“Newsflash” o mercado de trabalho está saturado, há demasiada gente com competências semelhantes e pouco úteis na vida prática, sendo a precariedade uma consequência óbvia do facto. Lamento amigos próximos e bem-intencionados que por aqui irregularmente explanam ideias, é necessário um esforço constante para adquirir novas qualificações que nos diferenciem, é a realidade dos nossos dias há que o reconhecer.
Queria que considerassem a hipótese de durante a vossa vida não terem sempre o mesmo emprego, a mesma casa, o mesmo carro, o mesmo estilo de vida, o mesmo horizonte e o mesmo caminho, planeado detalhadamente. Ponderem a hipótese de criar os vossos rebentos sem sentir a segurança de um rendimento fixo, suponham que o máximo que lhes poderão oferecer será o vosso amor, pão na mesa e uma boa educação e aqui falo de princípios e respeito pelo próximo, no fundo as armas com que deveríamos enfrentar o dia-a-dia. Seria o fim do mundo?! Não me parece...
Muito do que escrevi é pouco desejável, no entanto não o devemos repudiar e serve-me como um alerta muito particular. Pessoalmente não quero a minha vida demasiado cinzenta nem demasiado colorida, quero equilíbrio. Quero-me desperto e com os recursos necessários para fazer face a qualquer mudança que ocorra, quero-me manter longe dos dramas que arrastam a sociedade em que vivemos para as trincheiras onde se sente o impasse da inércia.
Talvez participe dia 12 de Março, mas se o fizer será consciente de que o protesto e os seus slogans não são a solução, mas talvez um passo, a meu ver necessário, para equilibrar a balança entre o conformismo e o inconformismo.