12/04/11

Noblesse oblige



Bem, já há algum tempo que não fazia as minhas observações políticas, por isso, eis-me de volta para falar do Fernando Nobre.


Em primeiro lugar, importa referir que eu votei Nobre nas presidenciais de 2011, pensado que o individuo em causa era independente, mas fui surpreendido pelo anúncio da sua intenção em encabeçar as listas do PSD por Lisboa e provavelmente lançar-se para o cargo de presidente da Assembleia da República.


Creio que tenho de fazer alguns reparos, pessoalmente até acho positivo que numa altura difícil, como é a actual, hajam pessoas dispostas a arriscar o prestígio adquirido numa vida de trabalho e a lançarem-se para o centro da vida política, no entanto o Nobre cometeu vários erros. Primeiro, nem há um mês prometeu nunca entrar para um partido e já quebrou a promessa, segundo, o facto de lhe oferecerem o lugar de presidente da Assembleia da República parece um pagamento, além de que não depende só do PSD, por último, mandou fechar a página do Facebook quando as críticas à sua decisão começaram a chegar em catadupa.




Então, o que de positivo traz esta decisão para a política portuguesa e para os seus intervenientes?








  1. No caso de Fernando Nobre, eu só vejo perdas (tirando as vantagens do tacho), isto porque muita da sua aura e prestígio desapareceram, além disso, perdeu a palavra que é o bem mais precioso de um político, principalmente para um que se diz fora do sistema. Ao nível de eleitores pouco vai acrescentar aos votantes do PSD, a maioria dos apoiantes de Nobre era de esquerda ou abstencionistas descontentes com o sistema partidário, ora este grupo de pessoas dificilmente votará PSD nas legislativas. Creio, também, que as suas aspirações a Belém, no pós Cavaco Silva são agora uma miragem, pois abandonou a sua base eleitoral trocando-a por uma que desconfia dele e tem ressentimentos por este ter criticado duramente o actual Presidente da República.




  2. Para o PSD e Passos Coelho foi um passo arriscado, Nobre representa o que o líder falava ao pedir uma abertura do partido a todos os sectores da sociedade, além do mais, Nobre apesar de tudo, ainda é uma figura com prestígio e um nome sonante. Contudo, Passos Coelho hostilizou dirigentes do partido e falta contabilizar os votos que Nobre trará ao partido laranja, pois é isso, no fim de contas, que interessa. Pessoalmente, parece-me que o preço pago pelo apoio de Nobre ao PSD foi caro para os benefícios que trará, mas só os resultados das eleições nos darão uma explicação cabal.




  3. Para o PS, por muitas críticas que a decisão de Nobre tenha levantado, o resultado é mau, mas pode trazer vantagens durante a campanha, isto porque Nobre é uma figura conotada com a esquerda e que teve 600 000 votos nas últimas eleições, mas preferiu a direita ao Sócrates. O problema é que Nobre em campanha tem falhas graves e uma delas pode enterrar o PSD e catapultar o PS nas urnas, mais uma vez só o tempo nos dirá o que vai acontecer.




Posto isto, creio que Nobre arriscou, mas também não o posso censurar por querer entrar no jogo político, pois quer queiramos quer não são os partidos que exercem o poder e é preciso estar dentro do sistema para se ter alguma influência real. Parece-me censurável é a forma como foi conduzido este processo e o facto de Nobre ter voltado com a palavra atrás, além do mais, não creio que o cargo de presidente da Assembleia da República seja o melhor para a pessoa em causa, penso que um convite para ministro da saúde ou algo do género seria mais adequado às suas competências.



3 comentários:

. disse...

caro carlos, escrevi um longo comentário ao teu post, mas o filho da puta da blogger deu um erro qualquer e apagou tudo.

não tenho paciência para escrever de novo, mas ficas a saber que foste lido e com intenção de resposta ;)

Carlos disse...

lol Não faz mal, fica registado, Abraço :)

Gersão disse...

Claramente a "palavra" já não é o que era e presidente da assembleia sem experiência parlamentar, coiso...

começou a caça ao voto!!