Diria que a maioria dos incontáveis seguidores assíduos deste blog ao lerem a frase entre aspas aí em cima e após a descodificarem no seu precioso córtex cerebral, terão de imediato uma percepção negativa da mesma. Devo dizer que num primeiro impacto, assim a analiso, no entanto, após exigir um esforço extra à massa cinzenta arrisco-me a dizer que as inconstâncias ao longo da vida não são sempre más, são também positivas e bastante enriquecedoras e acima de tudo formam carácter.
Desde cedo lutamos com os pais porque a sua asa protectora é muito extensa, controladora, embora necessária e quando conseguimos alguma dessa almejada liberdade o que fazemos?! Yap, procuramos novos pais, nomeadamente o Estado. Horror, novamente o mesmo dilema, não o queremos na nossa vida em demasia, queremos respirar, mas secretamente queremos e desejamos o seu paternalismo, a sua segurança e aqui refiro-me obviamente ao famigerado emprego para a vida.
“Newsflash” o mercado de trabalho está saturado, há demasiada gente com competências semelhantes e pouco úteis na vida prática, sendo a precariedade uma consequência óbvia do facto. Lamento amigos próximos e bem-intencionados que por aqui irregularmente explanam ideias, é necessário um esforço constante para adquirir novas qualificações que nos diferenciem, é a realidade dos nossos dias há que o reconhecer.
Queria que considerassem a hipótese de durante a vossa vida não terem sempre o mesmo emprego, a mesma casa, o mesmo carro, o mesmo estilo de vida, o mesmo horizonte e o mesmo caminho, planeado detalhadamente. Ponderem a hipótese de criar os vossos rebentos sem sentir a segurança de um rendimento fixo, suponham que o máximo que lhes poderão oferecer será o vosso amor, pão na mesa e uma boa educação e aqui falo de princípios e respeito pelo próximo, no fundo as armas com que deveríamos enfrentar o dia-a-dia. Seria o fim do mundo?! Não me parece...
Muito do que escrevi é pouco desejável, no entanto não o devemos repudiar e serve-me como um alerta muito particular. Pessoalmente não quero a minha vida demasiado cinzenta nem demasiado colorida, quero equilíbrio. Quero-me desperto e com os recursos necessários para fazer face a qualquer mudança que ocorra, quero-me manter longe dos dramas que arrastam a sociedade em que vivemos para as trincheiras onde se sente o impasse da inércia.
Talvez participe dia 12 de Março, mas se o fizer será consciente de que o protesto e os seus slogans não são a solução, mas talvez um passo, a meu ver necessário, para equilibrar a balança entre o conformismo e o inconformismo.
4 comentários:
Na minha opinião "geração rasca" ou "geração à rasca" parecem-me palavras de ordem e tal como todas as palavras de ordem carregam uma grande força e no fundo querem dizer tudo e acabam por não dizer nada...
O problema dos jovens, creio eu, mais do que precariedade ou desemprego chama-se Portugal. Enquanto o país não sair da situação periclitante em que se encontra as coisas não vão melhorar e teremos jovens à rasca, adultos à rasca, idosos à rasca etc... (excepto os mesmos do costume)
Um problema global como a crise em Portugal exige uma estratégia global, tudo o que passe por soluções avulsas apressadas para agradar a este e aquele como é o caso dos estágios remunerados são um fait-diver que não darão em nada ou poderão agravar a situação dos jovens.
Não obstante, saluta-se a vontade e o inconformismo dos jovens ainda que inconsequente na minha opinião.
Opinião muito parecida com a minha.
O problema é de facto Portugal. Mas não no sentido de como se a culpa fosse de todos os outros excepto nossa. Também não gosto da atitude de culpabilizar a classe política por todo o mal. Não, a culpa é de todos nós e somos todos em conjunto que temos que melhorar, só assim, só assim...
O problema de Portugal reside num forte handicap: falta de empreendedorismo e capacidade de iniciativa ... é certo que todos somos diferentes mas aconselhava-se maior espírito de iniciativa e vontade de arriscar. O inconformismo é bom se tivermos capacidade de autocrítica, de contrário, canalizamos tudo para os outros, quando o país somos todos nós, e caímos na demagogia.
É importante apostarmos na competência e no brio profissional.
"maior espírito de iniciativa e vontade de arriscar. O inconformismo é bom se tivermos capacidade de autocrítica"
Traduzis-te em palavras o meu disperso pensamento, obrigado ;)
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